(*) Por Artur Lopes
Nestes tempos de grandes e rápidas transformações, a diferença entre a vida e a morte de uma empresa muitas vezes se define por sua capacidade de mudar rapidamente de rota, e não mais somente em função da solidez patrimonial que, eventualmente, apresente.
Possuir ativos de alto valor, por exemplo, e não conseguir se desfazer deles com a devida agilidade, diante de uma situação crítica, pode sim tornar a quebra inevitável, por mais que um negócio ainda pareça viável.
É que hoje uma companhia vale pela liquidez e capacidade de gerar caixa que possui, não somente pelos bens materiais integrantes de seu ativo, como ocorria num passado relativamente recente.
Mesmo diante desse aspecto crucial da economia moderna, uma parcela considerável de empresários, seja aqui ou lá fora, ainda cultua a figura do seu ‘capitão de indústria’, ser poderoso e cuja sensação de onipotência só perde mesmo em intensidade para a de teimosia.
Esse personagem é alguém que acredita, basicamente, ser fundamental amealhar uma imensidão de ativos, recusando-se a desmobilizá-los, se necessário, para conferir novo ânimo aos negócios.
No Brasil, após superar confiscos, troças de moeda, inflação galopante, valorização cambial, desvalorização cambial, pacotes tributários é compreensível que o empresário se ache invulnerável e, por consequência, resista as exigências dos tempos atuais, quando se vê em dificuldades.
Ocorre que os tempos são outros estamos na era da informação e da globalização da economia e, ao se reconhecer em crise, o empresário deve rever suas convicções a fim de se beneficiar de ferramentas como a Business Recovery, atividade crescente nas organizações, por meio da qual frequentemente não apenas se evita o fim, como também se obtém um novo e revigorado começo.
Para isso, no entanto, é necessária a realização de avaliações objetivas, totalmente desvinculadas de sobrenomes ou vaidades, capazes de realmente mostrar o caminho a seguir.
É nessa hora que surge uma pergunta instigante: quem deve morrer quando a crise se impõe e a busca pela sobrevivência fala mais alto? As convicções de quem deu vida ao negócio, ou os empregos, as riquezas e tudo o mais gerado por essa louvável iniciativa?
A gestão apaixonada, como se sabe, é uma velha e conhecida causadora da cegueira, praticamente uma doença de ordem cultural, independente do tamanho da companhia e que muitas vezes se transmite de geração em geração, mas que o ambiente empresarial rejeita frontalmente cada vez mais.
De modo geral, esse modelo é responsável pelo desenvolvimento de todo um universo desfavorável, passível de mudar apenas e tão somente mediante uma modificação profunda de comportamento e a definição de alvos certeiros a atingir.
Quem não estiver realmente preparado para ouvir o diagnóstico da equipe multidisciplinar, que normalmente se envolve na realização desse trabalho, é serio candidato a desaparecer do mercado de forma compulsória, sem ao menos ter o direito de fazer a escolha de quem deve sucumbir; as antigas convicções ou a empresa.
(*) Arthur Lopes é gestor financeiro, advogado e fundador da Arthur Lopes & Associados. É autor do livro “Manual de Gestão de Crise Financeira e Turnaround” e ex-secretário do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (CONAR)
sábado, 13 de novembro de 2010
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