O mundo não vai acabar. Resfriamento e Aquecimento da Terra acontecem há 400.000 anos, como os cientistas já podem comprovar através das camadas glaciares. O que existe neste momento é uma infeliz coincidência do aquecimento natural com uma overdose de gases geradores do efeito estufa. No pico da história, a presença de CO2 e gás metano na atmosfera atingiu a marca de 290 ppm (partes por milhão); atualmente estão entre 360 e 450 ppm. É preciso que seja feito algo, agora. O Planeta tem capacidade de absorção de gases, mas não devemos abusar disto. É preciso congelar o nível de emissões e não aumenta-lo. A temperatura média na Terra é de 15 °C e subir este índice pode provocar consequências imprevisíveis
Essas são algumas das lições aprendidas durante o VII Curso sobre Comério e Negociações Internacionais para Jornalistas, realizado em São Paulo entre os dias 8 e 12 últimos. Coordenado pelo Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (ICONE), em parceria com o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) e a FAAP – Fundação Armando Álvares Penteado, o curso teve palestras e debates de representantes de vários setores da vida nacional, com enfoque na mudança do clima.
Em 31 de dezembro de 2012 finda o compromisso do Protocolo de Kyoto, assinado em 1997na tentativa de atenuar os efeitos humanos sobre o planeta, especialmente no que se refere aos efeitos dos gases geradores do efeito estufa (GEE), assim catalogados: CO 2 (dióxido de carbono), CH 4 (metano), N2O (óxido nitroso), HCFCs (hidrofluorcarbonos), PFHc (perfluorcarbonos) e SF6 (hexafluoruro de enxofre). A movimentação atual é para que os países signatários do protocolo consigam renovar o compromisso, inaugurando uma segunda etapa a partir de 1° de janeiro de 2013, rediscutindo novas metas para o também chamado carbono equivalente (C0e).
COP16 - BAIXO OTIMISMO
“Se até 2015 não conseguirmos equalizar as emissões, teremos um aquecimento insuportável e incontrolável”, advertiu Carlos Rittl, da ONG WWF Brasil. A exemplo de outros colegas, mostrou pouco otimismo sobre a COP16 que deverá reunir mais de 100 chefes de Estado, em Cancún (México), a partir do próximo dia 29. “A questão é política, não ambiental”. A frase, dita várias vezes por diferentes palestrantes, ganhou força na voz de Carlos Cavalcanti durante a mesa redonda do dia 12, quando o representante da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) lembrou que no Brasil as entidades de diferentes orientações convergem com facilidade sobre o tema, mas nos Estados Unidos (que se recusou a assinar o Protocolo, diga-se) a coisa é diferente. “Na Califórnia, por exemplo, propuseram até a suspensão dessa discussão enquanto o nível de desemprego estiver entre os 12% e 15%”, ilustrou, destacando que “a crise econômica tem levado os países do Hemisfério Norte a ser mais econômicos na resolução das questões ambientais”.
Diferentemente de Haroldo Machado Filho, do Ministério da Ciência & Tecnologia e de Gustavo Mozzer, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), o consultor Marco Fujihara (Key Associados) é de opinião que os acordos bilaterais para cumprimento de metas são mais factíveis que os multilaterais que vêm sendo tentados. “Na COP15, em Copenhage, assistimos a uma falácia dos sistemas multilaterais. Creio que no plano bilateral as coisas fluem melhor. Nós, no Brasil, por exemplo, poderemos nos apropriar de uma parte dos US$ 6,8 bilhões que o Banco Mundial disponibiliza para o financiamento de projetos. Aqui caberiam investimentos no setor florestal. Se temos 53% das potencialidades de todo o mundo, é hora de as transformarmos em coisas objetivas”, destacou Fujihara.
Assuero Veronez, da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), destacou que a dificuldade maior nessa discussão, em termos de Brasil, eram os números apresentados com base em um inventário desatualizado. “Com a atualização dos números fica evidente a queda da responsabilidade do setor agrícola brasileiro”, disse ele, a respeito das emissões de gases. Depois de destacar a facilidade de diálogo entre os interlocutores nacionais, Veronez classificou como “extraordinário” o esforço que vem sendo feito para a redução dos desmatamento (item no qual o país é duramente criticado pela comunidade internacional), saindo dos cerca de “ 25.000 a 27.000 km 2 de área de desmatamento para atuais 4 ou 5 Km2 / ano”.
O etanol brasileiro mereceu elogios dos presentes. Na opinião de Haroldo Machado Filho (MC&T), o setor de transportes é o que terás maior crescimento em relação às emissões. “Não existe transporte público de qualidade em nenhuma cidade brasileira”, reconheceu. A exemplo de seu colega da Embrapa, defende o multilateralismo como “moldura” para formatar a discussão climática.
Finalizando, Gustavo Mozzer disse que todo esse processo de discussão das mudanças climáticas precisa estar internalizado pela iniciativa privada e o governo deverá desenvolver a capacidade de investir em políticas públicas a fim de possibilitar a mensuração das emissões.
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