quarta-feira, 6 de outubro de 2010

ARTIGO - Felicidade e o sucesso profissional

Por Jorge Guzo

Outro dia ao ler um texto sobre o líder religioso Dalai Lama, do Tibete, fiquei refletindo sobre os caminhos trilhados pelo ser humano rumo à busca da felicidade associada ao sucesso profissional. Havia uma citação mais que direta: “As pessoas ocidentais trabalham a vida inteira para ganhar dinheiro para obter a felicidade e, na realidade, elas guardam bastante dinheiro para pagar as despesasmédicas no final da sua vida e esquecem de ser felizes durante a sua vida no dia a dia, no presente”.

É mais do que visível que o sucesso sempre será o objetivo das empresas, dos chief executive officers (CEO, o número-um de uma empresa), dos gerentes, dos profissionais e de todos os indivíduos. Parece ser um raciocínio muito lógico e até simplório. Mas, afinal, por que isso parece ser tão fácil na teoria e na prática se revela tão difícil?

Esse dilema se faz presente nas últimas décadas: será que existe mesmo a possibilidade simultânea de sucesso profissional e felicidade pessoal quando nos deparamos com o preço alto de uma jornada de trabalho de mais de 12 horas por dia? Quais os impactos que a busca individual da felicidade sofre quando perdemos fins de semana e convívio com a família e amigos por estarmos viajando a negócios?

As novas relações de trabalho num mundo mais que globalizado não deixam dúvidas de que sucesso não é sinônimo de felicidade. Diante disso, mais duas perguntas: a possibilidade de termos ambos simultaneamente será sempre o nosso sonho inatingível? Será que isso poderá se tornar realidade algum dia? Se você ainda não havia pensado nessas questões, é bom pensar. As organizações do primeiro mundo já estão buscando esta fórmula mágica da associação entre o sucesso da empresa com o sucesso do profissional e, por fim, viabilizar a felicidade do indivíduo.

O caminho na maioria da empresas está mais ou menos na linha do “um por todos, todos por um”. Como gestor, numa empresa, a busca do sucesso passa pela necessidade fundamental de implantar um modelo de gestão no qual fique claro para todas as áreas e todos os níveis hierárquicos que o sucesso da organização será o somatório do sucesso de cada um dos colaboradores, sem exceção. Esse modelo, ainda raro, é o diferencial competitivo embutido nas organizações vencedoras, que estão crescendo de forma assustadora.

Uma segunda necessidade fundamental para o sucesso é conseguir que todos os colaboradores percebam que o sucesso é o resultado das práticas e relacionamentos do dia a dia, num ambiente em que existe equidade nas políticas, justiça nas decisões, respeito e convívio fraterno entre pessoas e confiança na liderança, tendo como objetivo comum o atendimento das expectativas dos stakeholders (partes interessadas no sucesso da empresa).

E a felicidade? É interessante olhar à nossa volta e constatar quantas pessoas conhecemos que já conquistaram o sucesso profissional, que demonstram uma insatisfação inexplicável, e querem mais e mais. Por outro lado, quantas pessoas conhecemos que possuem um emprego comum, numa empresa média ou pequena, e estão profissionalmente satisfeitos e são felizes na vida pessoal?

Como gestor e como indivíduo, quero indagar: o que devemos fazer para conseguir o sucesso e, simultaneamente, a felicidade? Uma reflexão é necessária: revisar a nossa definição do que é sucesso, o que queremos e aonde queremos chegar; e revisar a definição de felicidade.

Para conseguir a felicidade, nossas expectativas passam por: possuir um bom relacionamento conjugal e familiar, ter convívio regular com os nossos amigos, possuir atividades cultural, educacional e recreativa de forma balanceada e apropriada.

Devemos então concluir que sucesso e felicidade podem existir simultaneamente para todos nós. É difícil para muitos e fácil para os mais habilidosos, que conseguem perceber que o sucesso e a felicidade são pequenos ou grandes acontecimentos, que podem durar pouco, ou um pouco mais, na nossa vida pessoal e profissional de forma balanceada, consistente e sustentável no presente, outra vez, no presente.


(*) JORGE GUZO é consultor de empresas, professor universitário e ex-secretário de Administração e Modernização de Santo André e parceiro da Virtual Comunicação. CONTATO: guzo@guzo.com.br

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