Em 2008 foram negociados, no Brasil, contratos no valor de R$ 6,9 bilhões; em 2015 já são R$ 41 bilhões. Este é um dos números apresentados e discutidos durante o Workshop “Empréstimos de Ativos” realizado em parceria entre a ABRASCA e a Central de Inteligência de R.I. da BM&FBOVESPA no último dia 22, em São Paulo. De acordo com os convidados, o popularmente conhecido `aluguel de ações` ajuda a alavancar a liquidez do mercado.
O mercado de Empréstimos de Ações cresce, no País, a uma taxa de 30% a.a., disse Guilherme Pimentel, da BM&FBOVESPA, em evento da Bolsa e da COMEC-Comissão de Mercado de Capitais da ABRASCA. “O índice é praticamente 10 vezes maior que o crescimento do iBovespa e ajuda a promover a liquidez no mercado a vista, sendo um produto estratégico para a Bolsa de Valores”, comentou o diretor de Desenvolvimento de Mercado da instituição.
E ainda há um espaço grande para a modalidade crescer, uma vez que o Brasil responde por apenas 1% do volume internacional. Pimentel fez questão de destacar que no exterior é comum o “doador” (denominação de quem aluga as ações) celebrar contratos unilaterais com o tomador. “No Brasil temos a contraparte central da Bolsa, garantindo a operação”, destacou.
Antes, seu colega Luiz Cláudio Caffagni (superintendente de Serviços da BM&FBOVESPA) explicou o funcionamento do mercado de empréstimos de ativos que pode ser assim resumido: “O doador é aquele investidor que não quer correr riscos de crédito e nem se desfazer de determinadas ações, enquanto o tomador paga uma remuneração acordada ao doador, depositando as devidas garantias junto à clearing da Bolsa”.
A modalidade existe desde os anos 1970, mas no caso da Bolsa brasileira só foi regulamentada em 1996 com a criação do Serviço de Empréstimo de Ativos. Há, por exemplo, limites de negociação dos papéis, variando entre 3% e 20% do volume em circulação, e geralmente por um período curto, de 3 ou 4 semanas.
“É importante o fomento ao aluguel de ações, mas é preciso que o profissional de Relações com Investidores conheça bem o mercado”, destacou Rodrigo Maia, presidente da COMEC – Comissão e Mercado de Capitais da ABRASCA e gerente de R.I. da Gerdau, concordando que tais operações ajudam na liquidez dos papéis no mercado a vista.
Segundo ele, os grandes investidores não estão interessados no próximo trimestre. “Eles querem saber o que a companhia vai gerar de valor nos próximos 10 anos”, pontuou Maia, deixando um recado para os colegas da área: “Cabe ao R.I. entender o que o mercado deseja e não evitá-lo. É necessário estamos preparados para enfrentar o que vem pela frente e o que vem, agora, é o crescimento do aluguel de ações”.
Sonia Villalobos, da CFA Society; Leonardo Vasques, da Itaú Asset; e André Lion, Ibiúna Investimentos, também passaram pela Mesa, destacando a análise fundamentalista e as vantagens desse mercado de empréstimos que, embora no Brasil opere praticamente só com ações (98,5%), também comporta outros papéis, como títulos públicos.
E depois do workshop deixar claro que atualmente ¾ dos investidores em Bolsa no País também operam com o aluguel de ações, Rodrigo Maia encerrou convidando os representantes das companhias a participar das reuniões técnicas da ABRASCA “porque é de lá que saem muitas diretrizes”.